sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2008 - Qual o tamanho da conta?

2008 foi um ano de crise econômica, ninguém pode negar. Mesmo se levarmos em conta o fato de que a crise só ganhou velocidade mesmo na segunda metade do ano (e principalmente depois de Setembro, com a quebra do Lehman Brothers), já se pode dizer que esse é o pior ano desde a crise dos anos 80 e provavelmente o pior de todos desde a Grande Depressão.

Mas, vamos lá, de quanto dinheiro estamos falando? Isso é muito complicado de responder, porque houveram vários tipos de perdas. Também teria que se contar todo o dinheiro gasto pelos governos do mundo para salvar bancos, injetar dinheiro na economia, etc.

Vamos então pegar um número só, mas que seja bem representativo: o mercado de ações mundial. Todas as Bolsas de Valores de alguma importância do mundo perderam dinheiro esse ano. Apenas a bolsa da Tunísia ganhou dinheiro e, convenhamos, a Tunísia não é extamente o país mais importante do mundo em termos econômicos. Alguns índices sofreram quedas recordes, nunca antes registradas. O próprio Dow Jones da bolsa de Nova Iorque, o principal índice do mundo, caiu 34%, o pior ano desde 1931. O Standart & Poor's Index, também de Nova Iorque, perdeu 39%, a NASDAQ (bolsa de empresas na área de informática e tecnologia) perdeu 42%. A bolsa de valores de Moscou perdeu 67% do valor, a da China 66%, a da Índia 52%, e por ai vai. O Brasil, entre os países emergentes, foi o que se saiu melhorzinho, com perdas de "apenas" 41%, o pior ano desde 1972. Enfim, foi um ano horrível pra quem investia no mercado de ações. Se você juntar todas essas perdas que eu falei, estamos falando de pouco menos de 50% de perda nas ações mundiais. Isso mesmo, quase metade do dinheiro que existia no mercado de ações mundial sumiu, só esse ano.

Quanto isso dá? A resposta é aproximadamente 30 trilhões de dólares. Na atual taxa de câmbio, de R$ 2.32 por cada dólar, isso dá 69 trilhões e meio de reais. Se você dividir isso pelo preço de um carro popular zero (25 mil reais, mais ou menos), daria para comprar 2 bilhões e 784 milhões de carros. Ou cerca de 15 carros para cada habitante do Brasil. Ou quase um para cada duas pessoas no mundo, incluindo todos os chineses e indianos.

Qual o tamanho disso? Bem, fazendo uma pesquisa na internet, eu descobri que um milhão de dólares, em notas de 100 dólares (a maior nota de dólar), formam uma pilha que tem praticamente um metro de altura, quase exato, o que facilita muito para nós. A mesma pilha pesa nove quilos. Certo, então vamos lá, se você pudesse empilhar esses 30 trilhões de dólares, em nota de 100 dólares, ia dar uma pilha de trinta mil quilômetros de altura e pesando 270 milhões de toneladas. Ou, se empilhar em um cubo, ia ter 315 mil metros cúbicos. Dá para encher 126 mil piscinas olímpicas com esse dinheiro, tudo empilhadinho, sem sobras.

Isso tudo, como eu falei, somente para as perdas no mercado de ação.

Esse tipo de conta, embora engraçada, ilustra uma coisa importante no nosso sistema econômico, que é a disparidade entre a quantidade de dinheiro "virtual" que existe, e aquilo que entendemos como dinheiro de verdade. Mas voltaremos a isso mais tarde.

EDIT: Ah, sim, antes que alguém me acuse de exagerar os números, eu peguei a cifra num artigo da Bloomberg, um respeitado site de notícias econômicas. AQUI está ele.

Nenhum comentário: